sexta-feira, agosto 08, 2003

Para que possam estar lendo o que escrevo.

Ah! Paulistas e seus vícios de linguagem. Como paulista, vivi boa parte de meu tempo no Rio tentando entender como perder esse sotaque que tanto me desagrada. Reparei em cada fonema, cada som, de que forma a língua se encontra com o palato e meus dentes. Tudo porque não queria mais aquele sotaquezinho.
Pois bem, após algum tempo e treino, considero-me uma pessoa com sotaque de carioca. Quando- e não costuma ser comum- alguém percebe um detalhe de paulista na minha fala, esse se confunde na frase e provoca reações do tipo: -“Ah, então eh por isso que tem alguma coisa diferente em suas frases: Você eh paulista!”
Acho que minha dicção não eh boa. Ponto. Ser paulista virou uma desculpa apenas, para quando me atrapalho com palavras. Mas meu sotaque, hoje, eh essencialmente carioca.
Pois bem. Tudo isso para poder explicar como passei a reparar em certos vícios de linguagem que o paulista cria a cada semana, me parece.
E tudo começou (pelo que me lembro) com o tal do “a nivel de”.
Expressão extremamente adaptável a qualquer frase, “a nível de” virou mania nacional.
-“A nível de pizza, prefiro Napolitana”. Deu o que tinha que dar esse “a nível de”
Então.... depois veio o consagrado “Entao”. Todas as frases de paulistas começavam com “Então”.
-“E ai? Que tal DJ Paraná hoje na pista um da Cachorra?”
-“Então... to pensando em passar na casa da Lu, tal... e depois vou pra la.”
Então era A Grande Introdução das frases.
E eis que surge o pior de todos os vícios: O gerúndio perdido! Analistas dizem que ele surgiu entre operadores de telemarketing:
-“Então, Sr Rodrigo o Sr tem que enviar seus dados pra que eu possa estar realizando seu cadastro.”
Mas seja como for, espalhou-se por toda a cidade de São Paulo:
-“Da uma passada aqui no escritório, para que eu possa estar conversando com o Sr, e discutindo nossos projetos.”
Ah, esses paulistas...sempre criando uma nova linguagem para que eu possa estar criticando.
A nível de prazer, isso pra mim eh ótimo. Então... acho que fico por aqui.
hal.dol
rpedalini@yahoo.com.br